sábado, 13 de junho de 2009

ARIANO SUASSUNA – DA IMAGEM À IMAGEM

ATENÇÃO: O trabalho será apresentado na sala 505 do bloco C!!!

O grupo escolheu Auto da compadecida como objeto para ilustrar a produção teatral de Ariano Suassuna. Esta obra foi escrita em 1955, montada como peça teatral e, mais tarde como filme; virou, em 2000, seriado de tv e novamente foi aos cinemas.


O roteiro do trabalho terá o seguinte percurso:

1. Obra e breve biografia de Ariano Suassuna;
2. Influências – romanceiro popular e tradição mediterrânica;
3. Movimento Armorial
4. Teatro – Auto da Compadecida, análise do texto e montagem (com suas intertextualidades);
5. Televisão – O Auto da Compadecida (recepção, público atingido, diferenças em relação ao teatro);
6. Cinema – O Auto da Compadecida 2000, baseado no seriado da Rede Globo, relembrando que já houve outras adaptações antigas no cinema (nos anos 70 e 80, este último com os Trapalhões).


sábado, 30 de maio de 2009

SEMINÁRIO: LITERATURA DE CORDEL (SALA 505 BLOCO C)



OS CORDÉIS DA LITERATURA: UM DIÁLOGO QUE SE CONSTRÓI


ATENÇÃO: O seminário será na sala 505, bloco C.



I – Introdução

Estudo Comparativo
Literatura de Cordel
Breve histórico

II – Literatura de Cordel

Relação da Literatura de Cordel com a Oralidade
Processo de criação dos poetas

III – Literatura de Cordel e Música

Poesia para ser falada/cantada
Intertextualidades

IV – Literatura de Cordel e outras artes

O papel da imagem nos folhetins
Iracema de João Martins Ataíde




sexta-feira, 29 de maio de 2009

SEMINÁRIO: HILDA HILST TRANSMUTADA MUSICALMENTE


Ode descontínua e remota para flauta e oboé – De Ariana para Dionísio

A transmutação musical feita por Zeca Baleiro dos poemas de Hilda Hilst. Nosso trabalho consiste na análise de seus poemas (a história contada, metrificação e musicalidade), o conceito de obra aberta defendida por Umberto Eco, a letra de música como poesia e vice-versa, apresentação de vídeos, dimensão de uma canção isolada num espetáculo-show.

Poemas escolhidos para análise:

Canção II – cantada por Verônica Sabino
Canção IV – cantada por Jussara Silveira
Canção V – cantada por Ângela Ro Ro
Canção VII – cantada por Zélia Duncan


Vídeos:

Zeca Baleiro e Quarteto Algiz apresentando a música Canção VII http://www.youtube.com/watch?v=V-6LPDcizaM

Zélia Duncan fala sobre Hilda Hilst + fragmentos de outros artistas (Zeca Baleiro, Hilda Hilst, Adriana Calcanhoto) – fragmento do filme Palavra (En)cantada
http://www.youtube.com/watch?v=NHbIroGHS50

Trailer do filme Palavra (En)cantada dirigido por Helena Solberghttp://www.youtube.com/watch?v=t8BKLLViRys

quarta-feira, 20 de maio de 2009

SEMINÁRIO #2: NELSON RODRIGUES - "BEIJO NO ASFALTO"



I) Descrição e análise da peça O Beijo no Asfalto;

II) Linguagem literária e Linguagem cinematográfica;

III) Transposição da peça para o cinema;

IV) Adaptação para História em quadrinhos;

V) Enredo em homenagem ao escritor Nelson Rodrigues.

domingo, 10 de maio de 2009

CRONOGRAMA DOS SEMINÁRIOS

MAIO

18 - Pedro do Vale Barbosa

22 - Grupo do Vinícius Padilha Carr

25 - Grupo do Rafael Dias da Silveira

29 - Grupo da Vanderléia Alves Ribeiro



JUNHO

01 - Grupo do Leandro José de Lima Andrade

05 - Grupo do Glauco Homero Vieira de Barros

08 - Grupo do Kennedy Conceição

15 - Grupo da Caroline Rangel

19 - Grupo da Livia Ferre


Solicito encarecidamente aos grupos que enviem material para postagem neste blog com conteúdo e programa do seminário.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

O CONCERTO DE JOÃO GILBERTO NO RIO DE JANEIRO

REFERÊNCIAS CRÍTICAS SOBRE SERGIO SANT’ANNA

O texto “O concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro” foi publicado no livro homônimo, de 1982. Com ele, Sergio Sant’Anna venceu o Prêmio Jabuti pela primeira vez – o que faria em mais duas ocasiões (1984 e 1997).

Embora seu momento de mais intensa produção esteja circunscrito aos anos 80, quando publicou sete livros, em 2003 o autor foi premiado com o Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira.

Escritores, dublês de escritores, críticos são constantes personagens nas obras de Sergio Sant’Anna. Como propõe o autor, num de seus mais diletos paradoxos, “se um cara é escritor e quer escrever sobre sua realidade, esta realidade estará impregnada do fato de ele ser escritor”.

Lembro que dois textos de Sergio Sant’Anna foram adaptados para o cinema. O primeiro, A senhorita Simpson, romance de 1989, que se transformou no filme Bossa nova, por Bruno Barreto, em 2000 – curiosamente com a participação da dublê de escritora Fernanda Young. O segundo, é Crime delicado, dirigido por Beto Brant.


Nas palavras de seu narrador, o conto “O concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro” tem por objetivo um texto “que discuta a linguagem, num tom oscilando entre o ruído e o silêncio”. Bastante fragmentário, usando e abusando dos cortes entre os diversos fragmentos, o texto tenta simular um delta para o qual confluem múltiplas linguagens: literatura, teatro (“entrar no espaço branco da página é também como entrar em cena”; “eu sempre gostei de escrever minhas históris como se elas se passassem num palco”), cinema (o corte como procedimento unificador da narrativa), performance e, como já prescrevia Verlaine, “antes de tudo, a música”.


De fato, é a música de João Gilberto e sua passagem meteórica pelo Rio de Janeiro para um concerto que se pretende lendário que funcionarão como eixos de sustentação e de justificação do próprio texto. Saturada de referências tanto às vanguardas como à cultura pop da segunda metade do século XX (Macunaíma, Antunes Filho, John Cage, Robert Wilson, Edward Hopper, Beatles, Bob Dylan etc) e contaminada por certo narcisismo pós-desbunde, no processo de ratificar o mito do músico baiano (JG, que assim reduzido às iniciais nos remete de pronto a outros mitos também reduzidos a burocráticas iniciais – como JK ou JFK) a narrativa acaba por mistificar o próprio autor, como se no contínuo jogo de espelhos a que ele submete o ato de narrar terminasse por perder o foco.


Embora o "grande final" possa ser interpretado como paródia da estratégia do “pão e circo” (“rumo aos elevadores do estádio, JG vai pedindo licença, passando entre os espectadores da arquibancada”) com que é planificada a cultura de massas, é impossível deixar de notar nele uma solução narrativa fácil, verdadeiramente arbitrária.



Uma última informação importante, de natureza editorial. O concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro foi publicado dentro da “Coleção de autores brasileiros”, da Editora Ática, nos anos 80. Esta coleção objetivava levar a um público mais amplo os novos autores da literatura brasileira; para tanto, serviam-se não apenas de tiragens altas como também de uma programação visual bastante pop, em sintonia com as demandas mercadológicas de sua época (primeira metade dos anos 80). Portanto, além de tentar ampliar o alcance da literatura brasileira contemporânea, a coleção serviu simultaneamente como fonte de renda e veículo de exposição de mídia para os novos autores brasileiros. Pela “Coleção de autores brasileiros” foram publicadas obras dos “novos” – como Silviano Santiago, Sergio Sant’Anna, Roberto Drummond, Luiz Vilela, Antonio Torres e Oswaldo França Júnior – e também de autores já consagrados, como Murilo Rubião, Dyonélio Machado, Paulo Mendes Campos, Clarice Lispector e Manoel Lobato.


Como se não bastasse a recente premiação internacional por conta de O vôo da madrugada, é importante ressaltar a recepção crítica que seus textos continuam tendo, mesmo passado o período mais fértil de sua produção. Em seus textos encontramos representadas (ou “encenadas”, como ele certamente preferirá) certas características da subjetividade pós-moderna que indiscutivelmente o fazem um de seus precursores em matéria de escrita. Abaixo seguem links para ensaios que lidam com diversos aspectos da obra de Sergio Sant’Anna.


1. LIMA, Lindomar Cavalcanti. “Sergio Sant’Anna: o realismo erótico” (2007)
http://www.uems.br/cellms/documentos/32%20-%20SERGIO.pdf

2. PORTO, Ana Paula Teixeira. “A literatura e o discurso crítico” (2009)
http://w3.ufsm.br/grpesqla/revista/num6/ass05/pag01.html

3. CUNHA, João Manuel dos Santos. “A realidade como simulacro em Sergio Sant’Anna” (2008)
http://www.ufpel.edu.br/cic/2008/cd/pages/pdf/LA/LA_00094.pdf

4. BONATO, Liane. “Sergio Sant’Anna e o conto brasileiro contemporâneo” (2003)
http://www4.fapa.com.br/cienciaseletras/pdf/revista34/art15.pdf

quarta-feira, 8 de abril de 2009

MATERIAL PARA AULA DO DIA 11 DE MAIO




Abaixo segue link para o álbum Melopéia: Sonetos musicados.


É um disco que reúne diversos músicos (de Itamar Assunção e Arnaldo Antunes a Humberto Gessinger e Edson Cordeiro, passando pelos Inocentes e pelo DJ Kraneo), interpretando e propondo versões sonoras de sonetos de Glauco Mattoso.
Glauco é citado por Caetano Veloso numa passagem da canção Língua, um de seus mais inspirados poemas. E nada mais justo, pois atualmente é um dos campeões mundiais na composição de sonetos, com menção no Guiness Book e tudo mais.
Os sonetos de Glauco Mattoso podem ser encontrados em seu site oficial (http://glaucomattoso.sites.uol.com.br/). Ali Glauco disponibiliza não apenas os sonetos como parte de sua prosa.
Chamo atenção para o fato de que a capa de Melopéia, criação de Lourenço Mutarelli (quadrinista e autor do livro e do roteiro do filme Cheiro do ralo), é uma paródia da capa do álbum Tropicália (1967), contando inclusive com o famigerado penico de Rogerio Duprat (citação a Marcel Duchamp).


Peço-lhes encarecidamente que: a) façam o download do álbum; b) ouçam os sonetos musicados; c) escrevam uma resenha tratando do álbum.


Link:

MATERIAL PARA AULA DOS DIAS 4 E 8 DE MAIO



Link para texto de Bella Jozef a ser trabalhado em sala a partir do dia 4 de maio:



MATERIAL PARA AULA DO DIA 27 DE ABRIL

Para o dia 27 de abril, o material preparado consiste em 5 textos breves. O primeiro deles é de Valêncio Xavier, um fragmento do romance-colagem O mez da grippe. Depois, dois mini-contos de Glauco Mattoso ("Fluxodrama" e "Uma raridade bibliográfica"). Finalmente, dois textos de Sebastião Nunes: uma prosa visual ("Tratado geral de levitação") e um texto satírico de provocação ("Análise estatística da densidade poética").

Abaixo seguem os links para download dos referidos textos:



a) VALÊNCIO XAVIER - Fragmento do romance-colagem O mez da grippe

http://www.sendspace.com/file/ifpibp




b) GLAUCO MATTOSO - Conto "Fluxodrama"

http://www.sendspace.com/file/17q9az


c) GLAUCO MATTOSO - "Uma raridade discográfica"

http://www.sendspace.com/file/h91yrp



d) SEBASTIÃO NUNES - "Tratado geral de levitação"

http://www.sendspace.com/file/4wgupo

e) SEBASTIÃO NUNES - "Análise estatística da densidade poética ou poeticometria percentualista"

http://www.cronopios.com.br/blogdotexto/blog.asp?id=480

sexta-feira, 3 de abril de 2009

AFINAL, O QUE É ORIGINALIDADE?

Meus caros,

chamo a sua atenção para o texto "Afinal, o que é originalidade", disponível aqui:

http://www.rizoma.net/interna.php?id=147&secao=colagem

Além de retomar a questão dos "empréstimos" e dos canais comunicantes estabelecidos entre a cultura erudita e a cultura pop, certamente alimenta mais discussões e conexões com "A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica".

Recomendo uma navegação mais detida por toda a área intitulada Recombinação neste site.

Um outro texto aqui, do mesmo site, assinado pela escritora e jornalista Marilene Felinto, tratando da cópia de livros para fins educacionais:

http://www.rizoma.net/interna.php?id=205&secao=colagem

quinta-feira, 2 de abril de 2009

O RESTO É RUÍDO


A Companhia das Letras acaba de lançar O resto é ruído, de Alex Ross. O autor traça um panorama das mais diversas tendências da música erudita do século XX e mostra como esta foi absorvida no interior da cultura pop. Este lançamento - bem como o seu êxito editorial na Europa - demonstra a urgência do tema que temos tratado em conjunção com a literatura durante parte deste primeiro mês de aula.


Segue abaixo o press release do livro, que é, no mínimo, educativo.




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Se a música clássica tradicional já costuma oferecer assunto e diversão para poucos, a chamada música erudita contemporânea sofre discriminação ainda maior. Outras manifestações artísticas do nosso tempo, como os quadros de Picasso ou os do norte-americano Jackson Pollock, valem hoje centenas de milhões de dólares, e não seria difícil topar com a poesia de T. S. Eliot, por exemplo, no Fantástico.



No campo da música, porém, a produção erudita do século xx vem causando desconforto pelo menos desde a Sagração da primavera, de Igor Stravínski.O curioso é que, na verdade, a influência dessa música aparentemente inacessível permeia há tempos manifestações artísticas bem mais populares, como as trilhas sonoras de Hollywood, o rock, o pop, o jazz e a dance music, do já lendário Velvet Underground até a islandesa Björk, passando pela música de Ornette Coleman.




Em uma narrativa envolvente, de interesse tanto para o especialista como para o leigo, O resto é ruído conduz o leitor por esse labirinto da música contemporânea, buscando elucidar os contextos social e político que lhe deram origem. Crítico brilhante, Alex Ross nos leva da Viena do início do século até a Paris dos anos 1920; da Alemanha de Hitler e da Rússia de Stálin à Nova York dos anos 60 e 70, mesclando o erudito e o popular, a música e a política de um século tão fecundo quanto conturbado.
O resultado, mais do que uma história da música, é uma leitura da história do século XX por intermédio da música que ele produziu. Resultado, aliás, saudado com a indicação de Ross para o prêmio Pulitzer de 2008 e para o prestigioso Samuel Johnson Prize. Considerado um dos melhores livros de 2007 pelo New York Times, pelo Washington Post e pela revista The Economist, O resto é ruído, que entrou para a lista de mais vendidos do New York Times, está sendo publicado na Alemanha, na França, na Espanha, na Itália e na Holanda, entre diversos outros países.

quinta-feira, 26 de março de 2009

MÚSICA POPULAR DE VANGUARDA

Geralmente associada às artes visuais, a poesia concreta tem longo histórico de associação com a música.

A começar pelo contato direto entre os poetas do Grupo Noigandres (Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari) e os músicos de vanguarda atuantes em São Paulo na década de 50 - a saber: os maestros Rogério Duprat, Gilberto Mendes e Julio Medaglia.




Este contato seria fundamental para que se estabelecesse um canal comunicante não apenas entre poesia concreta e música erudita (o maestro Gilberto Mendes era pioneiro na transposição de poemas concretos para o repertório da música eletro-acústica) como também entre poesia concreta e música popular, uma vez que o maestro Rogério Duprat seria, na década de 60, o produtor e arranjador de discos fundamentais de Caetano Veloso e Gilberto Gil, sem falar no disco-manifesto "Tropicalia ou panis et circensis", cuja capa ostenta, entre outros, Duprat segurando um penico (em referência ao artista de vanguarda Marcel Duchamp) no meio de Tom Zé, Caetano, Gil, Gal Costa e Capinan.




É importante destacar que já na década anterior Augusto de Campos havia publicado artigos procurando entender e situar a bossa nova no contexto da evolução das formas musicais modernas.



Na década de 60, o poeta Augusto de Campos seria um dos primeiros a advertir para o potencial estético não apenas dos artistas ligados ao grupo de Caetano e Gil como também de figuras como Jorge Ben, Hermeto Pascoal, Paulinho da Viola, Jards Macalé e Walter Franco.





A somatória dos artigos sobre bossa nova e a música popular brasileira dos anos 60 e 70 foi enfeixada num volume intitulado O balanço da bossa e outras bossas (São Paulo: Perspectiva, 1974).


Este livro é importante não apenas por reunir material crítico de difícil acesso: é uma verdadeira aula sobre as relações entre som e palavra e sobre as vertentes mais interessantes da música erudita do século XX.

Num artigo de 1970, Augusto de Campos reconhecia a existência desse canal comunicante emergente entre certos nomes da música popular brasileira e a vertente mais vanguardista da poesia moderna. A este território livre que se abria a partir do diálogo entre as duas linguagens chamava Augusto de Musica Popular de Vanguarda.

Esta Musica Popular de Vanguarda seria o resultado de uma linha reta que parte na segunda metade do século XX de Lupicínio Rodrigues e João Gilberto, chegando até Jards Macalé, Walter Franco e Novos Baianos, passando obviamente por Caetano e Gil.

domingo, 1 de março de 2009

CONCEITOS OPERACIONAIS: FRAGMENTOS PARA DISCUSSÃO




1. É possível definir o que é literatura e qual é sua função?


2. E para que poetas em tempos de fome?


3. É possível definir exatamente a função da crítica e da interpretação de textos literários?


4. A crítica literária pode ou deve aspirar à totalidade? A totalidade é um horizonte possível no âmbito da crítica literária? E no âmbito da linguagem, do pensamento e do processo de obtenção do conhecimento?


5. A paralaxe é um fenômeno óptico relativamente simples que pode ser usado como método. Ela é a mudança de posição aparente de um objeto em relação a um segundo plano mais distante, quando esse objeto é visto a partir de ângulos diferentes.


6. O Objeto só pode ser percebido quando de lado, sob uma forma parcial, distorcida, como a sua própria sombra – se lhe lançamos um olhar direto nada vemos, vemos um simples vazio. O Objeto só é acessível através de um adiamento incessante. O Objeto é, portanto, qualquer coisa de criado por uma rede de desvios, aproximações e quase colisões.


7. A Coisa Real é um espectro fantasmático cuja presença garante a consistência de nosso edifício simbólico, permitindo-nos evitar sua inconsistência constitutiva.


8. Todas as nossas posições são relativas, condicionadas por constelações históricas contingentes, de forma que ninguém tem soluções definitivas, apenas soluções pragmáticas temporárias.


9. Nos vinte anos em que tenho dado aula de literatura assisti ao trânsito da crítica por impressionismo, historiografia positivista, new criticism americano, estilística, marxismo, fenomenologia, estruturalismo, pós-estruturalismo e agora teorias da recepção. A lista é impressionante e atesta o esforço de atualização e desprovincianização em nossa universidade. Mas é fácil observar que só raramente a passagem de uma escola a outra corresponde, como seria de esperar, ao esgotamento de um projeto; no geral ela se deve ao prestígio americano ou europeu da doutrina seguinte. Resulta a impressão – decepcionante – da mudança sem necessidade interna, e por isso mesmo sem proveito. O gosto pela novidade terminológica e doutrinária prevalece sobre o trabalho de conhecimento.


10. Por mais que cognitivistas e desconstrutivistas – esses inimigos mortais – clamem em acordo que o Eu “substancial” que precede ao campo aberto da interação social contingente, este Eu “substancial” não existe, por mais que o esoterismo new age ocidental faça coro com a narrativa de que o Eu é apenas um conjunto de eventos mentais heterogêneos e elusivos, por mais que eles clamem, nossa experiência cada vez mais é a de um Eu isolado e imerso em sua esfera neurótica ou alucinatória. Eis-nos ligados à rede por nossos computadores que rodam Windows; no entanto, nós somos cada vez mais organismos isolados sem qualquer janela para a realidade, interagindo sozinhos com uma tela de computador, encontrando apenas simulacros virtuais e presos cada vez mais nas tramas da rede ideológica da globalização.


11. A interpretação da arte a partir unicamente da forma, isolada no belo formal, é pobre perante o fenômeno estético, é uma redução.


12. A importância do dado biográfico para a interpretação da obra é relativa. Embora psicanalistas e críticos literários operem interpretações a partir de textos (um, com as narrativas do inconsciente oferecidas pelos pacientes; o outro, com textos literários), como bem frisa Adorno, o elemento biográfico projetivo no processo de produção dos artistas é, na relação com a obra, apenas um momento e dificilmente o decisivo. O mesmo autor chama atenção para o perigo da aplicação da psicanálise à interpretação de obras de arte, uma vez que sua ênfase nas projeções biográficas acaba por reduzir o fenômeno estético à identidade integral entre obra e artista. Para Adorno, a psicanálise corre sempre o risco de transpor o pedantismo médico para um objeto inadequado e sutil – como Leonardo e Baudelaire ou, entre nós, Machado de Assis ou Clarice.


13. A literatura é uma prática especificamente subjetiva? Em que medida ela ajuda a construir a subjetividade de quem lê?


14. A literatura pode ajudar a entender e construir o real? A interpretação e a crítica de textos literários e de fenômenos culturais pode ajudar a entender e construir o real?


15. A literatura é um ato socialmente simbólico. Por isso a prioridade da interpretação política dos textos literários. A perspectiva política não é um método suplementar ou auxiliar opcional de outros métodos interpretativos hoje em uso – o psicanalítico, o mítico-crítico, o estilístico, o ético, o estrutural –, mas como horizonte absoluto de toda leitura e de toda interpretação.


16. Em plena vigência das sociedades midiáticas e em plena vitória do capitalismo multinacional com discurso e dominação globalizantes, ainda é possível falar em cultura popular? Confrontar as suas reflexões com as de Roberto Schwarz: Como seria a cultura popular se fosse possível preservá-la do comércio e, sobretudo, da comunicação de massa? O que seria uma economia nacional sem mistura? De 64 para cá a internacionalização do capital, a mercantilização das relações sociais e a presença da mídia avançaram tanto que estas questões perderam a verossimilhança.

EMENTA


LITERATURA BRASILEIRA VI (Código: GLC00208)



Objetivos da Disciplina:

Propor uma reflexão sobre a cultura brasileira, focalizando-a a partir das articulações entre literatura e outras artes, tais como o teatro, o cinema, as artes plásticas / Discutir as relações contemporâneas entre cultura e indústria cultural, destacando-se as inter-relações entre literatura e mídia / Oferecer um repertório teórico composto de conceitos operacionais básicos para a leitura crítica de textos/ Levar o aluno a uma prática de leitura e interpretação de textos com vistas à formação do futuro docente.

Descrição da Ementa:

O curso propõe uma leitura, ao mesmo tempo sincrônica e diacrônica, da cultura brasileira pelo viés de sua literatura, aqui considerada em suas articulações com o teatro, o cinema, as artes plásticas e a mídia / Relação entre panorama nacional (local) e situação internacional (universal), sob enfoque comparativo.